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Ana Paula Hornos é psicóloga clínica, autora e comunicadora. Como especialista no despertar do potencial humano, do individual ao coletivo, dedica-se a ajudar pessoas na busca do bem-estar integral, unindo propósito, carreira, saúde financeira e atitudes conscientes para melhores resultados. Professora, mestre em psicologia e engenheira pela USP, com MBA em finanças pelo INSPER e especializações pela FGV e IMD, possui mais de 20 anos de experiência como executiva e empresária. Foi diretora de grandes empresas nacionais como o Grupo Pão de Açúcar e membro de Conselho de Administração da Essencis Ambiental. No E-Investidor, fala sobre finanças, comportamento, vida profissional e atitude ESG.
@anapaulahornos
Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias.
Multiplicar o dinheiro e viver de rendimentos é o sonho de muita gente. Imaginar o dinheiro trabalhando por você é uma ideia sedutora para muitos investidores.
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A renda passiva, que é considerada como todo dinheiro recebido não associado diretamente a horas trabalhadas e principalmente obtido por juros de aplicação, tem sido bastante disseminada. O uso da tecnologia do ChatGPT, modelo de linguagem desenvolvido em inteligência artificial que gera respostas e interações avançadas com usuários, também é outro fenômeno recente, muito presente nas discussões das redes sociais e em rodas de conversa.
E por que trago esses dois temas juntos em um mesmo artigo? Ambos têm característica muito marcante em comum: a tendência da substituição do trabalho humano.
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Sendo o ChatGPT concebido para substituir a execução do homem na ponta da produção intelectual e a renda passiva, propagada como substituição do esforço humano nos ganhos e na remuneração, ambas as ferramentas podem trazer simultaneamente grandes benefícios assim como prejuízos muito danosos.
A sabedoria popular do “Cuidado com o que deseja, porque pode se tornar realidade” se aplica bem neste contexto paradoxal de otimizar a produtividade e riqueza através da passividade.
Estão envolvidos no raciocínio de custo versus benefício do uso de tais ferramentas os elementos tempo, energia empenhada e dinheiro. Os três são recursos disponíveis e limitados, que podem ser bem ou mal administrados, que podem gerar impactos positivos ou negativos para si mesmo ou para os outros.
A disputa entre o capital financeiro e a força de trabalho é historicamente uma questão central polêmica na economia política e nas relações laborais. Discussões ideológicas existem a respeito de onde estaria o maior resultado em valor, poder e lucro nesta relação polêmica entre remuneração por horas trabalhadas, aporte de capital intelectual ou por capital empregado.
Em termos econômicos, é impossível obter renda passiva apenas por ela mesma, se antes não houver uma produção da renda ativa gerada através do dinheiro produzido pelo trabalho. E ainda é impossível também ter bons resultados tanto em renda ativa como passiva se não houver uso do conhecimento, da energia do trabalho, da dedicação e do capital intelectual empregados em tudo isso. Em resumo, não existe concorrência entre esses atributos. Força de trabalho, capital intelectual e capital financeiro precisam andar juntos para gerar riqueza.
No entanto, mais importante do que este debate do valor monetário dos recursos é o debate do valor emocional quanto à felicidade, satisfação, realização e propósito que todo nós humanos temos necessidade, e que só são alcançados quando nos sentimos úteis, produtivos e capazes. Esta percepção de valor emocional não consegue ser substituída por rentabilidade na forma de juros nem alcançada no excesso do tempo ocioso.
Pessoas precisam de motivação para serem felizes, ou seja, precisam de motivo e ação. Ação é justamente o oposto de passividade, assim como motivação é o oposto de depressão e renda ativa é o oposto de renda passiva.
Em tempos de ChatGPT, o capital que fará a diferença em felicidade, autorrealização e em inclusive em sucesso financeiro será o capital emocional. Se há algo que máquinas jamais substituirão a eficiência humana será a capacidade de contribuir com propósito, de estabelecer vínculo com o próximo, de dar afeto, de acolher e dar amor.
O ativo humano que trará maior diferencial em mundo cada vez mais complexo está relacionado à saúde mental – ao estado de bem-estar no qual o indivíduo conhece seus talentos, aprende a lidar com os estresses cotidianos e trabalha de forma produtiva para contribuir com os outros.
Se já houve dúvidas sobre a hierarquia de valor entre os capitais laboral, intelectual e financeiro, certamente o grande diferencial do sucesso, daqui por diante será o capital emocional, da sensibilidade, da empatia, da esperança, da espiritualidade e do propósito.
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ChatGPT e investimentos são ferramentas que podem nos beneficiar e trazer otimizações. Mas o caminho de sucesso e felicidade está em nossas mãos! Na escolha entre sermos passivos ou ativos perante a renda, perante o uso de nossos talentos, perante o autocuidado em saúde mental, perante os significados de contribuição à sociedade e perante o sentido da própria vida.
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